Carles tinha 47 anos quando começou a trabalhar na Specialisterne. Antes disso, estudou Biologia e Informática e realizou vários cursos para melhorar suas habilidades técnicas e seu Inglês. Referente à experiência em empregos, trabalhou em várias empresas do setor de informática, colaborou como freelancer em diversos projetos, e chegou a trabalhar em uma empresa de eventos gerenciando o seu banco de dados, pesquisando a imprensa diária em busca de notícias relacionadas a determinadas marcas e realizando fotografias.
Durante toda sua vida, foi muito versátil: gostava de experimentar novos desafios, mesclar um de seus hobbies (a fotografia) com o mundo profissional, e sempre estava disposto a ajudar um colega ou aprender novas competências. Como ele mesmo se descreve, esteve “dando voltas” durante muito tempo, de projeto em projeto, sem encontrar um lugar onde pudesse se sentir confortável e ganhar segurança e confiança em si mesmo. É por esta razão que, ao conseguir seu emprego atual (no Banco Sabadell), ao qual chegou através da Specialisterne, aproveitou todas essas experiências para dar o melhor de si.
Estudos: Biologia e Informática
Carles define sua passagem pela universidade como “muito boa”. Estudou metade da graduação em Biologia, seguido por um curso técnico de quatro anos em Informática de Negócios. São estudos que ele descreve como “uma grande conquista”, considerando que a maioria dos estudantes leva mais tempo no processo.
Além disso, completou sua formação com vários cursos de Inglês, obteve certificação de programador em Java, e de Tester – já na Specialisterne. Realizava constantemente cursos de fotografia para conhecer tudo o que pudesse sobre esse assunto. Mais adiante, na Specialisterne, aprendeu a utilizar outras ferramentas de informática, bem como desenvolver habilidades de organização e gestão de tarefas, que serviram tanto para sua vida profissional como para as atividades cotidianas.
Carles sempre foi muito curioso: gosta de aprender, colaborar com colegas ao estimularem-se com diferentes perspectivas e visões sobre a vida e o trabalho, experimentar campos de atuação diferentes (informática e fotografia, entre outros), estudar assuntos que, dada a sua experiência, são muito demandados no mercado de trabalho atual, como o Inglês. Carles sempre teve sonhos grandes, como ele mesmo explica, e muitos deles se tornaram realidade.
A primeira câmera fotográfica
A fotografia é uma das grandes paixões de Carles. Ele descobriu seu interesse por essa profissão quando fez sua primeira comunhão e deram de presente sua primeira câmera fotográfica. Desde então, ele vem retratando a realidade, buscando diferentes ângulos para transmitir o que sente, com múltiplas nuances, sombras, cores e formas. Em suma, transformou em documentos físicos tudo aquilo que despertava sua curiosidade, de modo que as memórias fossem “guardadas para sempre” nos negativos das fotografias.
Carles também gosta muito de nadar, andar de bicicleta, caminhar com seu cachorro, ler e divertir-se com seus amigos. Também aprecia muito ir ao cinema ou assistir séries, embora acredite que isso seja algo “comum a todos”. E, acima de tudo, gosta do Barcelona, mas ressalta que “só torço para o ‘Barça’; a Copa do Mundo, por exemplo, não acompanho”. Ele está muito orgulhoso de sua paixão pela equipe blaugrana.
Entender as regras sociais
A faculdade foi um momento muito bom e tranquilo para Carles, com alguns altos e baixos e mudanças de rumo, mas, definitivamente, uma época feliz e tranquila. Sua vida profissional, no entanto, foi muito mais árdua: “Os trabalhos foram muito ruins para mim. Excetuando um, do qual eu saí, me dispensaram de todos eles. Eu realizava um projeto e depois não me renovavam. Terminei cansado e frustrado”.
A jornada de Carles pelo mundo profissional foi bastante longa, cheia de percalços: trabalhou com empacotamento, gerenciando banco de dados, fazendo seleções de imprensa e como técnico de informática freelancer. Sua experiência mais longa foi na Equipo Singular, uma empresa de eventos, onde permaneceu por sete anos.
Por que não se encaixava em muitos dos trabalhos? É muito claro para Carles: às vezes, involuntariamente, ele quebrava a confiança das pessoas. Ele conta que, em certa ocasião, alguém se aborreceu porque ele “tinha tornado pública, para o restante da empresa, uma informação privada relativa a essa pessoa”. Em outro momento, fez um comentário a um funcionário sobre o que este havia gastado com viagens, e ele considerou a avaliação de Carles de mau gosto.
Além disso, até que a Specialisterne lhe explicasse que isso era prejudicial para ele, toda vez que ele tinha um programa para trabalhar, em vez de guardar para si, Carles expressava sua alegria com um alvoroço que chamava a atenção. E, nos almoços durante um projeto, o tema da conversa foi a Fórmula 1. Não é um tema que lhe interessava e não mostrou nenhum interesse por ele. Decidiram que ele não se integrava e o dispensaram.
Definitivamente, Carles não entendia certos combinados sociais e cometia erros porque, segundo ele, “ninguém havia me explicado como funcionavam questões como confiança ou sigilo profissional” – além de outros comportamentos que se esperam de um profissional de certo nível e que em neurotípicos (aqueles que não são autistas) “vêm de série”.
“A Specialisterne me fez crescer”
Finalmente, aos 47 anos, Carles chegou à Specialisterne e começou a trabalhar para o Banco Sabadell. Está há quatro anos e três meses neste emprego e sua experiência é extraordinariamente positiva. E isso é, em grande parte, graças à Specialisterne: “Me deu um apoio moral incrível e me fez crescer. Na minha empresa, por exemplo, somos cerca de 200 consultores e muitos sabem meu nome. As pessoas me cumprimentam porque sou uma boa pessoa e ganhei a confiança delas”. Graças à Specialisterne, Carles enfim se sente querido, respeitado e escutado.
Por fim, Carles faz um balanço da sua vida profissional e reflete sobre os desejos e expectativas que possuía na adolescência e suas expectativas para o futuro: “Você tem ideias e sonhos que considera infundados, mas no final você percebe que o que você esperava está certo, ainda que não seja tão fácil assim. Para chegar aqui, é preciso passar primeiro por muitos outros lugares. Sempre podemos aprender, e é isto o que fiz e que continuo fazendo”.