Dia 2 de Abril foi o Dia Mundial da Conscientização do Autismo e, em 5 de Abril foi celebrado, na sede das Nações Unidas em Nova York, o evento anual em comemoração a essa data. Nessa edição, o tema foi “Capacitando Mulheres e Meninas com Autismo”, tentando destacar os desafios enfrentados pelas mulheres e meninas com autismo, muitas vezes sujeitas a dupla discriminação. Thorkil Sonne, fundador da Specialisterne, e Tara Cunningham, CEO da Specialisterne USA, participaram desse dia e de seu planejamento.
Atualmente, vários estudos confirmam que 1 em cada 68 pessoas é diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista e, dentro desse coletivo, a taxa de desemprego é de 85%. Além disso, de acordo com estudos na Europa e nos Estados Unidos, de organizações como a The National Autistic Society e o CDC (traduzindo para o português, Centros de Controle e Prevenção de Doenças), o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista é mais comum entre homens com a proporção de, aproximadamente, 1 mulher para cada 4 homens diagnosticados.
Várias pesquisas mostram que empresas estão perdendo a oportunidade de valorizar o talento das pessoas com autismo, e especialmente o das mulheres, cuja taxa de desemprego é significativamente maior que a dos homens. Programas de apoio e empregabilidade para mulheres com autismo são importantes não apenas de um ponto de vista social, mas também fazem sentido do ponto de vista econômico, já que essas pessoas podem trazer muito valor.
Em direção a uma sociedade inclusiva
Durante o evento, o Secretário-Geral da UN António Guterres pediu às empresas e administrações públicas para se comprometerem a apoiar e recrutar mulheres com o Transtorno do Espectro Autista, enfatizando que elas estão frequentemente sujeitas a múltiplas formas de discriminação. Para atingir esse objetivo, considerar os programas de emprego de pessoas com autismo para todo o conjunto de empresas como “best practices” para serem replicadas em todo o mundo.
“Para alcançar uma sociedade inclusiva a qual aspiramos, devemos assegurar que os direitos fundamentais consagrados na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotada pelos Estados membros nas Nações Unidas em 2006, sejam conhecidos, respeitados e aplicados a todos, incluindo mulheres e meninas com autismo”, disse Alison Smale, diretora global de comunicações das Nações Unidas.
Specialisterne
Como nas três edições anteriores, Specialisterne participou desse evento, falando sobre seu modelo de colocação no mercado de trabalho de pessoas com autismo, baseado em valorizar suas habilidades especiais proporcionando treinamento específico e suporte contínuo, que permite que muitas dessas pessoas entrem no mercado de trabalho, em campos específicos do setor de TI e em tarefas administrativas.
Tara Cunningham, CEO da Specialisterne USA, foi a moderadora do painel “Educação, Emprego e Empoderamento Econômico”, no qual ela entrevistou duas mulheres com autismo que representam exemplos de sucesso no campo de educação e trabalho.
Um exemplo do sucesso das mulheres da Specialisterne é o de Tara Curry, que conseguiu uma vaga em uma grande organização financeira em Nova York. Ela acreditava que não cumpriria os requisitos para o cargo, como acontece muitas vezes com pessoas com autismo, mas entre 40 candidatos, ela foi a escolhida. Tara conta como a auto-identificação de uma mulher com autismo mudou totalmente sua vida para melhor, e convida todas as mulheres com autismo a fazer o mesmo, para serem compreendidas e apoiadas.
Rachel Wilson, uma estudante da “University of Mercyhurst”, aponta como o programa de apoio às pessoas com autismo em sua universidade a ajudou bastante a aceitar seu diagnóstico, fazer novos amigos e se sentir mais confiante sobre si mesma.
Testemunhos de mulheres com autismo
No curso de treinamento atual da Specialisterne Itália, há 3 mulheres com autismo, que deixaram um testemunho de suas experiências na Specialisterne e o que desejam para mulheres Asperger.
Rebecca, afirma que “Graças a Specialisterne eu não mais me sinto mal e aceito e valorizo meu potencial. Fiz um enorme progresso, e estou vivendo um momento importante na minha vida em crescimento pessoal e profissional. Eu gostaria que as mulheres com Asperger soubessem que elas não estão sozinhas e que nós podemos apoiar umas as outras”. Alessia, outra aluna do curso, acrescenta que “Specialisterne é o momento em que você entende que pode ter valor e que nem tudo sobre o Asperger é negativo, mas que o Asperger pode levá-lo para lugares lindos. Specialisterne é como uma família e é um palco que todo mundo deveria ter a chance de fazer. Acho que esse é o lugar que irá ajudar mulheres e homens a expressarem o que são”. E finalmente, Giulia afirma que “em uma sociedade que nos considera diferentes, Specialisterne nos considera especialistas no que fazemos. É por isso que me sinto aceita e valorizada pelo meu potencial”.
Na Specialisterne, estamos confiantes que as 3 mulheres desse curso de treinamento irão trabalhar dentro de alguns meses e serão um exemplo para as outras mulheres e homens com autismo, sobre o que eles podem trazer para a sociedade quando esta lhes dá uma oportunidade.
Fontes: