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A prevalência do autismo continua crescendo

por | maio 10, 2018

A rede CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos publicou um novo relatório sobre a prevalência de Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) em crianças de 8 anos, idade em que se considera que a porcentagem de casos diagnosticados, com relação ao total, já é muito alta. O novo número apresentado neste relatório é de 1 em cada 59 crianças, em comparação com a estimativa de 1 em cada 68 que tínhamos até agora. A proporção de 4 meninos para cada menina é mantida, de acordo com estudos anteriores ou disponíveis em outros países.

Este estudo soma a outro relatório publicado em março no Canadá, que indica uma prevalência de 1 em cada 66 crianças com TEA nesse país, com base no estudo com crianças e jovens, entre 5 e 17 anos. Considerando os dados das crianças de 8 anos, a prevalência seria de 1 em cada 63 casos, muito próximos, portanto, do estudo que é apresentado pelos Estados Unidos. E, novamente, há uma proporção de 4 para 1 entre os sexos, com uma prevalência de 1 em cada 42 meninos e de 1 em cada 165 meninas.

Sobre a autenticidade destes estudos
Já com o famoso estudo americano de “1 em cada 68”, houve uma grande inquietação em termos de comprovação desses números, com base na revisão de prontuários médicos, enquanto outros estudos, baseados na observação direta de crianças, pareciam sugerir números em torno de “1 em cada 150”. (Veja, por exemplo, este artigo).

Os estudos baseados em observação direta por especialistas seriam, a princípio, mais precisos, porém o custo de sua implementação significa que eles foram aplicados a populações menores.

Sem intenção de gerar polêmica, oferecemos aqui um detalhamento dos dois estudos, para que cada um possa formar sua opinião ou, pelo menos, saber um pouco mais sobre o porquê de algumas contradições.

Os dois estudos que acabam de ser publicados nos Estados Unidos e no Canadá baseiam-se na revisão de registros médicos (e, no caso do Canadá, de alguns dados adicionais). Nos Estados Unidos, foi descartada uma porcentagem muito pequena de casos considerados TEA pelo prontuário médico, enquanto 18% dos casos não considerados TEA pelo prontuário foram adicionados, mas pelos especialistas que fizeram o estudo. No caso do Canadá, foram considerados apenas os casos inicialmente diagnosticados como TEA.

Relatório do Canadá
Este relatório (que pode ser baixado aqui) é baseado na revisão de casos de uma parte significativa do país (especificamente, 35,2% da população entre 5 e 17 anos, ou 1,9 milhões de pessoas dentro dessa faixa etária).

Como aparece nos relatórios dos Estados Unidos, há dados diferentes entre as províncias, que neste caso vão de 1 em cada 57 para 1 em cada 126. O relatório em si explica que a maior prevalência é dada nas duas províncias que têm mais informações, monitorando programas com mais anos, etc. E, quando se entra no relatório, observa que 1 em cada 126 está em Yukon, com 38 casos de um total de 4.772 crianças e jovens, enquanto nas demais províncias, onde a população é muito maior, a incidência varia entre 1 em cada 57 e 1 em 79, isto é, com uma diferença muito menor entre as províncias. No total, foram contabilizados 29.099 casos de um total de 1.916.588 crianças e jovens e, portanto, a proporção final de 1 em cada 66.

A proporção de 4 para 1 entre os sexos é muito clara. Dependendo da idade, a porcentagem de casos que correspondem ao sexo feminino varia entre 17,7 e 21,2%.

Finalmente, interessante é também a comparação com os anos anteriores. Das 3 províncias para as quais existem dados mais ou menos comparáveis (os métodos utilizados ao longo dos anos não são exatamente os mesmos), é obtido o seguinte gráfico.

 

Relatório dos Estados Unidos
Em relação ao relatório dos Estados Unidos, também fornecemos alguns dados. Baseia-se na análise de 325.483 crianças com 8 anos, o que representa 8% da população dessa idade em 2014 (ano a partir do qual os dados foram fornecidos). Dessa população, e com base nos registros revisados, considerou-se que 5.473 crianças se encaixam no diagnóstico de TEA.

A diferença entre os 11 estados onde o estudo foi feito varia de 1 em cada 34 a 1 em cada 76, com a média sendo 1 em cada 59. A proporção entre os sexos é novamente 4 para 1. Neste estudo, também apontam dados por raça: 1 em 58 para brancos, 1 em 63 para negros, 1 em 71 para hispânicos e 1 em 74 para asiáticos. Em relação ao QI (coeficiente intelectual), 31% estavam abaixo de 70, 25% estavam entre 71 e 85 e 44% estavam acima de 85.

O relatório fornece muitos outros dados curiosos. Por exemplo, há 4% a mais de casos com os critérios do DSM-IV TR do que com os critérios do DSM-5. Tal aspecto também explica as limitações desse relatório. Além disso, talvez a informação mais relevante de todos esses relatórios seja a afirmação de que “com uma prevalência de TEA que chega a quase 3% em algumas comunidades e que representa um aumento de 150% desde 2000, o TEA é uma questão de saúde pública urgente e que pode ser amenizado mediante a criação de melhores estratégias para o diagnóstico precoce, para determinação de possíveis fatores de risco e para atender às crescentes necessidades comportamentais, educacionais, residenciais e ocupacionais dessa população.”